21 agosto 2006

Mar Adentro by Alejandro Aménabar (2004)


"...mar adentro, mas adentro..." Esta frase ficou-me na cabeça por muitos dias, semanas até, meses talvez! O conceito deste blog é falar-vos dos filmes da minha vida e em alguns casos torná-los também nos filmes das vossas vidas, no entanto, alguns dos filmes que aqui trago são "mais" da minha vida do que outros e claro, quando falo dos que são "mais" sinto uma sensação diferente... uma sensação "mais"!!!

Pois bem "Mar Adentro" é mais um filme de Alejandro Aménabar a marcar presença aqui no meu cantinho... é um filme marcante, de Realização acima da média (já era de esperar), com actores acima da média e com um argumento acima da média (também já era de esperar). Já vi todos os filmes de Aménabar, mas "Mar Adentro" foge do género preferido do realizador Chileno. Antes de ver este filme estava algo relutante... afinal de contas filmes em que se conta a história da vida de alguém nunca são da minha preferência, mas "Mar Adentro" tinha uma vantagem em relação a outros filmes desse género... era dirigido por Aménabar... e isso faz toda a diferença.

Ramón Sampedro (Javier Bardem) é um tetraplégico, que há quase trinta anos luta pelo direito a morrer com dignidade... Ramón é totalmente dependente dos que o queiram ajudar, inclusivamente para morrer. Vive com o seu Irmão, a sua Cunhada e o seu Sobrinho. Entretanto conhece duas mulheres que disputarão o seu amor e que nos mostram que até presos a uma cama podemos dar muito a quem queira receber!!! De realçar todo o elenco, mas Bardem está perfeito. Tive oportunidade de ver os extras e Bardem está irrepreensível no papel de Ramón.

"Mar Adentro" é uma delícia... daqueles filmes imperdíveis... a sensação com que fiquei foi de como ser possível que um realizador consiga tanto para nos contar uma história como a de Ramón Sampedro.

Trivia: * Filme escolhido pela Academia de Cinema Espanhol para representar a Espanha nos Oscars de 2004 na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira, que acabou por vencer.

* Três meses antes da estreia em Espanha, Aménabar ordenou que fossem distribuídos pela imprensa espanhola, fotografias de Javier Bardem já maquiado para que toda a gente se familiarizasse com a sua imagem e se centrasse no seu desempenho ao longo do filme.

* Este foi o filme mais galardoado pelos Goyas (Prémios do Cinema Espanhol), tendo ganho 14 dos 15 para que estava nomeado.

Na minha opinião este filme é um "must", como tal merece: 9,1/10

11 agosto 2006

Kill Bill by Quentin Tarantino (2003/2004)

Cá vai mais uma pedrada no charco... mais uma obra-prima de um dos grandes mestres do cinema actual... Quentin Tarantino!!! Diz-se que por imposições puramente comerciais, Tarantino foi forçado a dividir em dois o seu projecto, no entanto, eu aqui no blog vou tratar este filme como um só... afinal faz todo o sentido que assim seja.

Kill Bill é um daqueles filmes que divide opiniões... ou se adora ou se detesta... e aqueles que dizem: "... sim gostei..."; na realidade eu sei que não gostaram nada!!! Eu pessoalmente quando fui vê-lo já sabia ao que ia... se analizarmos bem as anteriores obras de Tarantino percebemos que Kill Bill não foge à regra: diálogos hilariantes e picantes, argumento bem distinto de tudo o que normalmente nos é oferecido, acção... muita acção, sangue em doses super-menú e por fim, diálogos hilariantes... ah! é verdade... falta uma coisa que também distingue os filmes de Quentin Tarantino: histórias com objectivo, coerência acima de tudo!!!

Neste filme Tarantino conta-nos uma história de vingança... The Bride (Uma Thurman) quer vingar-se de Bill (David Carradine) e tudo fará para consumar essa vingança. Pelo caminho encontra-se com todos os que, juntamente com Bill, foram responsáveis pelo seu estado de ira e vai eliminá-los um a um... cada um com o seu grau de dificuldade.

Terminado o parágrafo anterior, se houver alguém a ler este post que ainda não tenha experimentado Kill Bill certamente pensará... "hummm parece-me uma história muito hollywodesca"... e é!!! O que faz deste filme um grande filme não é a história mas sim como nos é contada... Tarantino emprega todo o seu estilo de realização e transforma histórias simples, carregadas de clichés, em horas de puro entretenimento. Analisemos agora algo que sustenta o que acabei de escrever: o título do filme. Já repararam que o título do filme diz tudo... Kill Bill!!! É como se em "The Others" o título fosse: "Os outros, que afinal são a mãe e os dois filhos mais os empregados". A questão é que Tarantino não faz, ou pelo menos nunca fez filmes que pretendam transmitir esse efeito surpresa aos espectadores... Tarantino surpreende-nos pela forma como nos conta as histórias, pela forma irrepreensível como contrói os argumentos e pela forma como filma.

Em Kill Bill, Tarantino mostra-nos a sua paixão pelo cinema asiático... Kill Bill está carregado de referências aos típicos filmes categorizados por: swordplay, tipo "Heróis de Shao Lin", e Martial Arts, tipo Bruce Lee!

Trivia: * Tarantino adiou o início das filmagens devido à gravidez de Uma Thurman.

*Tarantino ofereceu o guião do filme e o personagem de The Bride a Uma Thurman como prenda pelo seu 30º aniversário.

* O fato amarelo que The Bride enverga é inspirado num fato que Bruce Lee usou em Game of Death (1978).

* Para que o filme tivesse um look de cinema asiático de artes marciais dos anos 70, Tarantino ofereceu ao director de fotografia uma extensiva lista de filmes do género dos anos 70. Tarantino proibiu também o uso de efeitos digitais e insistiu que o sangue derramado fosse feito como naquela altura: preservativos cheios de sangue falso que espirraria com o impacto.

* Tarantino revelou posteriormente numa entrevista que toda a música usada no filme era na realidade parte da sua colecção de música, todas elas já presentes em filmes anteriormente.

* No restaurante The Bride mata 57 pessoas.

* A produção gastou mais de 65.000 dólares em espadas.

* Na cena em que Gogo balanceia a sua bola de aço, ela acidentalmente atingiu Tarantino, enquanto este filmava a cena.

Bom, tal como já foi aqui referido, eu pessoalmente adorei o(s) filme(s)... não consigo sequer dizer de qual dois dois volumes gostei mais... portanto: 9,5/10... Tarantino é fenomenal!!!

Vol. 1&2:

The Shining by Stanley Kubrick (1980)

Isto de ter de alimentar um blog é por vezes bem mais complicado do que possa parecer a quem não está familiarizado com essa forma de expressão. Principalmente quando o "blogger" pensa, como eu, que o único critério a seguir é o das suas preferências cinéfilas. Imaginem que passam a semana a seguir receitas simples, tipo ovos estrelados com fatias de fiambre e salsichas, entretanto no fim de semana recebem em vossa casa a família e/ou os amigos e têm de preparar algo bem mais elaborado. A sensação que se sente é igual à que eu sinto quando me aventuro a escrever sobre obras-primas. Mas pronto, são estes posts que dão mais brilho aos blogs, portanto cá vai:

Vou apresentar-vos The Shining do grande Stanley Kubrick, infelizmente já desaparecido. Para não fugir à regra, só descobri a arte de Mr Kubrick há bem pouco tempo, quando tive oportunidade de ver um dos seus melhores filmes (The Shining) e logo um filme que aborda e nos transmite aquela sensação que eu penso ser a minha preferida; o MEDO!!!

The Shining é um grande filme, daqueles que figuram em qualquer top da história do Cinema, é protagonizado por um dos melhores actores de todos os tempos (Jack Nicholson), realizado por um dos melhores realizadores de todos os tempos e escrito por um dos melhores romancistas na área do suspense, Stephen King. Posto isto o resultado só poderia ser um: inesquecível!!!

Jack Torrance (Nicholson), arranja emprego como guarda de um hotel, o Overlook Hotel, nas montanhas do Colorado. O hotel é sazonal e todos os anos é necessário contratar alguém para o vigiar e tratar da manutenção primária durante o Inverno. Torrance e a sua família serão os únicos ocupantes do hotel durante todo o Inverno. Tudo corre na normalidade até que as tempestades de neve boqueiam e isolam a família Torrance no hotel. Depois, bem depois... é melhor não desvendar mais, acho que já chega!!!

Trivia: * O Timberline Lodge, um hotel no Oregon, foi usado para filmar os exteriores, no entanto o responsável pelo hotel pediu a Kubrick para não usar o número do quarto 217 (tal como estava escrito no livro de Stephen King), visto que as pessoas poderiam não querer ficar mais naquele quarto depois de verem o filme. Kubrick mudou então o guião e alterou o número para 237, um quarto não existente no verdadeiro Timberline Lodge!

* Kubrick ordenou 127 takes numa cena com Shelley Duval (a mulher de Jack Torrance). A isto chama-se direcção de actores. É aí que começa o trabalho de um grande realizador.

* Stanley Kubrick mostrou a toda a equipa o filme Eraserhead (David Lynch) para lhes transmitir os sentimentos que pretendia que sentissem.

* Devido à idade de Danny Lloyd (o filho de Jack Torrance) e ao facto de ser o seu primeiro papel, Kubrick teve sempre uma atitude ultra protectora duante as filmagens, de tal forma que Danny só soube que tinha participado num filme de terror quando o filme estreou.

* A ideia de atirar a bola de ténis contra a parede foi de Jack Nicholson. No guião apenas estava escrito "... Jack is not working..."

* Para a cena em que Jack parte a porta da casa de banho com um machado, o departamento de preparação das cenas construíu uma porta fraca, fácil de partir, no entanto Nicholson trabalhou como voluntário nos bombeiros e portanto partiu-a muito facilmente. O departamento teve então de construír uma porta bem mais forte.

* Anjelica Huston, mulher de Jack Nicholson na altura das filmagens, confidenciou que devido às horas que Jack passava a filmar e devido ao estilo de direcção de Kubrick (takes atrás de takes), Nicholson chegava a casa, caía na cama e só acordava no dia seguinte.

Espero que tenham gostado tanto deste post como eu gostei de o escrever... deu-me muito gozo partilhar convosco todas estas curiosidades. Voltarei brevemente.

A votação para este filme é, sem grande espanto: 9.4/10